Falácia: Argumente sem ter Argumentos!


Impressionante o que se perde de tempo quando debatemos com alguém interessado em atingir um objetivo, denegrir ou exaltar algo e a lógica vai contra suas intenções. Mais terrível é o tipo de argumentação muitas vezes usada nessas discussões, ditas “falaciosas”.

Falácias são argumentos logicamente inconsistentes, sem fundamento, inválidos ou falhos na capacidade de provar eficazmente o que se alega. Argumentos destinados à persuasão podem parecer convincentes para grande parte das pessoas, mas não deixam de ser falsos por causa disso. Reconhecer falácias não é fácil. Argumentos deste tipo podem ter validade emocional, íntima, psicológica, mas não validade lógica.

Abaixo, alguns exemplos. Creio que, já de cara, você poderá identifica-las em seu cotidiano(os termos em latim só provam o quanto a “enrolação” é antiga):

Argumentum ad antiquitatem (Argumento de antiguidade ou tradição):
Basicamente consiste em afirmar que algo é válido porque é antigo ou “sempre foi assim”.
Palavra chave: Tradição

Argumentum ad hominem (Ataque ao argumentador):
Em vez de se provar a falsidade do enunciado, ele ataca a pessoa que fez o enunciado.
Ex: "Caio não pode estar certo no que diz, ele cometeu adultério!".

Argumentum ad ignorantiam (Argumento da Ignorância):
Ocorre quando algo é considerado verdadeiro simplesmente porque não foi provado que é falso (ou provar que algo é falso por não haver provas de que seja verdade). Note que é diferente do princípio científico de se considerar falso até que seja provado que é verdadeiro.
Ex: "Zé diz a verdade: ninguém pode provar o contrário."

Non sequitur (Não segue):
Tipo de falácia na qual a conclusão não segue das premissas.
Ex: "O evangelho tem de ser pregado, eliminar a corrupção neste país; portanto, vamos votar no Zé para presidente!"

Argumentum ad Baculum (Apelo à Força):
Utilização de algum tipo de privilégio, força, poder ou ameaça para impor a conclusão.
Ex: "Melhor aceitar o que digo, senão..."

Argumentum ad Populum (Apelo ao Povo):
É a tentativa de ganhar a causa por apelar a uma grande quantidade de pessoas.
Ex: "É fato que o caminho a seguir é o que todos dizem. Oras, isso é uma unanimidade...fato!"

Argumentum ad Numerum (Apelo ao número):
Semelhante ao "ad populum". Afirma que quanto mais pessoas acreditam em uma proposição, mais provável é a proposição de ser verdadeira.
Ex: "Existe um aumento de ateus no mundo. Cada vez mais se confirma a inexistência de um deus."

Argumentum ad Verecundiam (Apelo à autoridade):
Argumentação baseada no apelo a alguma autoridade reconhecida para comprovar a premissa .
Ex: “Fulano de tal, doutorado em Harvard, ou Cambridge,(ou em algum lugar que fique legal em outro idioma) afirma que tal argumento é válido".
"O APÓSTOLO Fulano é quem está dizendo..."

Dicto Simpliciter' (Regra geral):
Ocorre quando uma regra geral é aplicada a um caso particular onde a regra não deveria ser aplicada.
Ex: "A palavra 'Cafú' não tem acento porque é oxítona terminada em u" (nesse caso o nome é próprio e a regra geral não se aplica)

Generalização Apressada (Falsa indução):
É o oposto do Dicto Simpliciter. Ocorre quando uma regra específica é atribuída ao caso genérico.
Ex: "Todo comedor de almondegas é feliz."

Falácia de Composição (Tomar o todo pela parte):
É o fato de concluir que uma propriedade das partes deve ser aplicada ao todo.
Ex: "Este carro é composto apenas por componentes leves, logo ele é leve também."

Falácia da Divisão (Tomar a parte pelo todo):
Oposto da falácia de composição. Assume que uma propriedade do todo é aplicada a cada parte.
Ex: "Você deve ser rico... estuda em um colégio caro." ou "Formigas destroem árvores. Logo, esta formiga pode destruir uma árvore."

Cum hoc ergo propter hoc : (falsa causa)
Afirma que apenas porque dois eventos ocorreram juntos eles estão relacionados.
Ex: "O Ibitinga vai ganhar o jogo de hoje. Hoje é quinta-feira, e até agora ele ganhou em todas as quintas-feiras em que jogou."

Post hoc ergo propter hoc :
Consiste em dizer que, pelo fato de um evento ter ocorrido após o outro, possuem relação de causa e efeito.
Ex: "O Japão rendeu-se logo após a utilização das bombas atômicas por parte dos EUA. Portanto, a paz foi alcançada devido à utilização das armas nucleares."

Petitio Principii :
Ocorre quando as premissas são tão questionáveis quanto a conclusão alcançada.
Ex: "Sócrates tentou corromper a juventude da Grécia, a maioria (que votou pela sua condenação) sempre tem razão, logo foi justo condená-lo à morte."

Circulus in Demonstrando :
Ocorre quando alguém assume como premissa a conclusão a que se quer chegar.
Ex: "Sabemos que ele é pastor e diz a verdade pois muitas pessoas dizem isso. E sabemos que ele diz a verdade pois nós o conhecemos."

Falácia da Pressuposição :
Questiona um fato assumindo um pressuposto verdadeiro.
Ex: "Quando você vai parar de bater na sua esposa?" (ele já disse que bateu?)
"Onde você escondeu o dinheiro roubado?" (ele já confessou o roubo?)

Ignoratio Elenchi (Conclusão sofismática):
Ou "Falácia da Conclusão Irrelevante". Consiste em utilizar argumentos válidos para chegar a uma conclusão que não tem relação alguma com os argumentos utilizados.
Ex:" Jesus ensina na sua Palavra como viver e morrer melhor, e a pessoas que se convertem a seus caminhos certamente conhecerão esta verdade. Por isso, crentes são os que merecem viver..."

Anfibologia :
Ocorre quando as premissas usadas no argumento são ambíguas devido à má elaboração gramatical.
Acentuação :
É uma forma de falácia devido à mudança de significado pela entonação. O significado é mudado dependendo da ênfase das palavras. Ex: compare:
"Não devemos falar MAL dos nossos amigos." com: "Não devemos falar mal dos nossos AMIGOS".

Falácias tipo "A" baseado em "B" (Outro tipo de Conclusão Sofismática) :
Ocorrem dois fatos. São colocados como similares por serem derivados ou similares a um terceiro fato.
Ex:
"O Islamismo é baseado na fé."
"O Cristianismo é baseado na fé."
"Logo o islamismo é similar ao cristianismo."

Falácia da afirmação do consequente :
Esta falácia ocorre quando se tenta construir um argumento condicional que não está nem do Modus ponens (afirmação do antecedente) nem no Modus Tollens (negação do conseqüente). A sua forma categórica é:Se A então B.
Ex: "Se há carros então há poluição. Há poluição. Logo, há carros."

Falácia da negação do antecedente :
Esta falácia ocorre quando se tenta construir um argumento condicional que não está nem do Modus ponens (afirmação do antecedente) nem no Modus Tollens (negação do consequente). A sua forma categórica é:Se A então B.
Não A
Então não B.
Ex: "Se há carros então há poluição. Não há carros. Logo, não há poluição."

Bifurcação (Falsa dicotomia):
Também conhecida como "falácia do branco e preto". Ocorre quando alguém apresenta uma situação com apenas duas alternativas, quando de fato outras alternativas existem ou podem existir.
Ex: "Se você não está a favor de de mim então está contra mim."(essa é popular!)

Argumentum ad Crumenam :
Esta falácia é a de acreditar que dinheiro é fator de estar correto. Aqueles mais ricos são os que provavelmente estão certos.
Ex: "Se o Barão diz isso é porque é verdade." (essa então!!!)

Argumentum ad Lazarum :
Oposto ao "ad Crumenam". Esta é a falácia de assumir que apenas porque alguém é mais pobre, então é mais virtuoso e verdadeiro.
Ex: "A voz dos pobres é a voz da verdade."

Argumentum ad Nauseam :
É a aplicação da repetição constante e a crença incorreta de que quanto mais se diz algo, mais correto está.
Ex: "Se fulano diz tanto que sua bicicleta é azul, então ela é."

Plurium Interrogationum :
Ocorre quando se exige uma resposta simples a uma questão complexa.
Ex: "Que força devemos empregar aqui? Forte ou fraco?" (só existe estas opções?)

Red Herring :
Cometida quando material irrelevante é introduzido no assunto discutido para desviar a atenção e chegar a uma conclusão diferente.
Ex: "Será que o diacono Zé é o assassino? No ano passado um diacono matou uma criança."

Retificação :
Ocorre quando um conceito abstrato é tratado como coisa concreta.
Ex: "A tristeza de Jeca é a culpada por tudo."

Tu Quoque (Você Também):
Falácia do "mas você também". Ocorre quando uma ação se torna aceitável pois outra pessoa também a cometeu. (um erro justificando outro?)
Ex:
"Você está sendo abusivo."
"E daí? Você também está."

Inversão do Ônus da Prova :
Quando o argumentador transfere ao seu opositor a responsabilidade de comprovar o argumento contrário, eximindo-se de provar a base do seu argument

E por aí vai...

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