Quando Minha Fé Acabou (1)
Tive uma fase em minha vida, após anos em Cristo, onde fiquei ateu.

A descrença começou gradativamente, quando busquei respostas pela inter-rede às coisas que estavam se propagando dentro da igreja onde congrego:
Esquisitices, infantilidades, misticismos. Tudo que resolvi abdicar quando comecei a seguir o Cristo.
Tudo aquilo começava a me incomodar de forma insuportável no meio evangélico.
Buscava respostas para questões simples, mas as pessoas respondiam -na maioria dos casos - com um ou outro bordão - que nem sempre constava na bíblia (vide:" Não cai uma folha de uma árvore sem que Deus assim o permita").
A verdade é que a realidade que eu via - e eles também - tinha que ser abafada, ignorada - por mais absurda que fosse , por ser parte de uma espécie de tradição a ser aceita, não se sabendo bem porque.
O ateísmo, para mim, foi algo irresistível, embora o negasse com todas as forças.
Era como o desespero do religioso moral que descobre em si tendências irresistivelmente homossexuais, sentido-se condenado a supri-las, embora tente com todas as forças continuar hétero.
Com meus parcos conhecimentos sobre Ciência, Filosofia e Política ,me aventurei a entrar em debates em sites de preparados ateus, levando minha frágil fé como algo suficiente para discutir sobre "Evolucionismo". Fui exposto, e uma ponta de raiva surgiu contra minha crença: ela não foi suficiente para me proteger da humilhação pública..
Todas as minhas questões levadas foram não-polidamente ridicularizadas, meus trunfos e provas sobre casos de milagres foram falaciosamente achincalhados.
Aquilo me contaminou.
Quando percebi, já não cria: a firmeza dos argumentos céticos me fez balançar. Era convidado a pregar em minha igreja, sem crer em nada do que falava, nem na oração que oferecia ao então deus - que relutava em não ser - imaginário.
Um dia, entrei no fórum - já extinto - da UOL e comecei a ler os debates - quase sempre acalorados - entre gente de todas as crenças, embora aquele local era específico para questões "evangélicas". Durante semanas acompanhei em silêncio como crentes de verdade conversam: eles eram ridicularizados, xingados, mas continuavam com sua postura correta, dentro daquilo que se propunham ser em Cristo. Garotos baderneiros agrediam truculentamente os crentes mais inteligentes , o que começou a mexer com meus brios, embora isso parecia divertir aqueles cristãos.
Ali conheci, entre tantos, C.S.Lewis, Dostoievsky, Kant, Karl Max, Criacionismo, Evolucionismo, Inteligent Design, crentes homossexuais, exotéricos, adolescentes revoltados, cientistas, biólogos ateus e cristãos, Nieszctche, Carl Sagan, Herman Hesse, Bonhoeffer, Schopenhauer, Luthero, Yancey, Fernando Pessoa, não necessariamente nessa ordem.
Acabei me envolvendo no debate, e fui aos poucos sendo aceito, apesar de minha debilidade intelectual. Fiz amigos, e mesmo nunca os tendo encontrado em pessoa, guardo-os em meu coração. Este sentimento fez crescer algo totalmente novo: Amava (e ainda guardo este ardente "sentimento") pessoas que nunca vi pessoalmente, e tenho provas que isso foi - de forma concreta - retribuído.
Conheci ali o real sentido da amizade entre irmãos,o que era uma comunidade cristão genuína.
Descobriria em breve o que era a tal Fé (com letra maiúscula mesmo) dentro deste processo. A tal Fé definitiva que nunca perdi, por nunca te-la em mim, mas a a almejava de todo meu coração.
Mas isso é assunto para outro post.
Zé Luís
Dureza, esses períodos de falta de Fé é um deserto sem sentido. É como perder a infância e descobrir os dissabores da vida muito mais do que qualquer prazer adulto. Como perder um pai protetor, provedor...
ResponderExcluirEspero que exponha logo como descobriu a Fé e o que a estimulou em você hehehe...
Leão.
Bonito é ver que o forum acabou, mas não acabou a amizade construída no respeito mútuo. Continuamos aqui: PM, Zé Luiz, André, Mr Vain, eu, Carlão e você... Saudades de todos!
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