O Irmão do Pródigo: Tão Desviado Quanto...

Zé Luís

Quando voltava do serviço, ouviu a algazarra, som de festa, e perguntou aos empregados do que se tratava a inesperada comemoração: Era o irmão caçula, conhecido beberrão, freqüentador dos prostíbulos mais imorais, que retornara. Usava toda a herança que recebera do pai nisto, e passava fome pelos becos imundos da vida.

Geralmente, se tem direito a partilhas quando o o dono da herança já é morto. Este, no entanto, pede sua parte antes. Não queria esperar o pai morrer para por a mão na grana: “Vamos ao que interessa” era seu lema.

Mas o filho, o que ficou, fiel companheiro, trabalhador , testemunha das tristezas que o pai sentiu enquanto ele aguardava noticias do caçula, este sim era bom...

Será?

O filho mais velho se recusa a fazer parte da alegria daquele dia. O anel do pai está na mão do filho, as roupas do pai estão vestindo o gastador moleque que, por ter gasto tudo nas farras, não tinha o que por. A melhor refeição da grande casa foi servida. Tudo para um sujeito que não vale nada.

O pai então, questiona a reação de seu primogênito, esta é a resposta que se tem:

Você nunca me deu um novilho para gastar com meus amigos! Você nunca deu-me tanto, embora eu valha muito mais que este cabra safado! Eu mereço mais por viver com você, por nunca ter saído do seu lado! Eu tenho direito de não aceitar sua tola bondade por nunca ter te decepcionado!

Mal sabia ele que, naquele momento, sua máscara estava caindo. O real motivo de sua estadia não estava em querer ficar com o Pai por amor. Ele também almejava a herança, mas cinicamente, pensava ser melhor que o outro por manter todas as suas maldades e instintos debaixo da roupagem de bom filho e “esperar o tempo certo”.

O pródigo não queria que o pai morresse. Queria o dinheiro para saciar sua sede de carne.

O mais velho também. Só que nunca teve coragem de pensar que isso pudesse ser perdoado. Ele não aceitava a misericórdia que emana do Pai.

O caçula veio, buscando vaga nas fileiras de trabalho de seu pai. Nem conseguiu completar seu discurso previamente decorado. O pai o aceitou como filho, beijando-o, abraçando-o.

O mais velho não aceitou: o irmão, a atitude de seu pai. Mostrou ao pai, boquiaberto, sua verdadeira face. Não era por viver com Ele que o filho era como ele. Para isso, o Pai teria que viver “nele”.

Por isso o plano de Jesus, que sejamos um, parece não acontecer. Ser como Jesus é se alegrar – como Ele - quando gente que assume viver sem máscara decide – mesmo assim – estar com o Pai. Não importa para Ele quais os motivos que te trazem de volta. E isso aborrece os que ficaram, com suas máscaras de boa pessoa.

Se Deus é Amor, mas não se aceita o Amor do Pai, então não se aceita o Pai em sua essência.

Dois filhos distantes do Pai, um no mundo dos sentidos egocêntricos, outro, na Igreja, esperando a oportunidade de viver algo que só existe no mundo dos desejos egocêntricos.

Comentários

  1. Amar a Deus é saber que tudo que se tem vem de Deus e reconhecer que sem Ele nada somos. Que apesar de não merecermos, sua graça nos envolve e nos permite viver e ser abençoados.
    Diante disso, tenho uma dúvida: acredito que nem tenha muita relação com este assunto, mas não é estranho que um mesmo corpo (ou pessoa, ou ministro de louvor) que canta "eu não preciso ser reconhecido por ninguém, a minha gloria é fazer com que conheçam a ti" também cante em outro culto talvez " quem te viu passar na prova e não te ajudou ... Quando ver você na benção Vai se arrepender
    Vai estar entre a platéia E você no palco..." ?
    Por que nossas igrejas atuais nos ensinam ser contraditórios, quando a Bíblia diz o oposto. Pensando nisso, entao, qual é o motivo que leva essa pessoa estar com o Pai, ou pensar que está?
    Louvamos a Deus por tudo que Ele é, ou reivindicamos a herança e nos vestimos de justiceiros de Jesus?
    É pertubador não acha?
    Prazer ler sua postagem.
    Abraços.

    Fernando.

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  2. Estmado Irmão! Parabéns pelo seu Blog. Cheguei até ele por meio de um comentário que vc fez no Genizah, no Post sobre a morte da atriz Leila Lopes. Partilho do seu pensamento. Se houver possibilidade até penso em dialogar sobre isto com vc. Sou autor deste Blog: http://www.reverendoeugenio.blogspot.com/ e já incluí o seu em meus Blogs interessantes. Paz!

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  3. Concordo com o que disse o Fernando. Talvez não seja esse o assunto do post, mas com certeza o comentário é muito válido: os crentes não têm se ouvido cantando, ou, nem mesmo refletem se o que cantam expressa o que vai em seu coração. Cantar por cantar. Cantam a quem? Pra quem? Se é pra Deus, o que estão dizendo pra Ele?
    Acho que Ele tem ignorado isso. Ainda bem.

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  4. Creio que o comentário é pertinente ao assunto, sim.

    As letras procuram sempre atingir uma igreja dividida, muitas vezes entre os filhos que foram, e os filhos que se sacrificam em ficar.

    O que retorna ao Pai sabe do nada que é, do que se tornou longe do Pai. A primeira música retrata isso. O segundo mostra o revanchismo do que perseverou em casa, e mostrará, triunfante, a vantagem que levou com essa decisão "tão dificil"

    Não são bem "louvores". São temas com a intenção de atingir seus públicos. Marketing puro.

    E quanto ouvir o que se fala: desde quando isso acontece?

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  5. Ah.... não ficou pobre nada!!!
    Mais coisas em comum: vc trabalha com TI né? vi no seu perfil...
    Quanto aos cabelos brancos...q venham!!!rsrs

    Abraço.

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