Sobre Crepúsculo e jogos de futebol

por Zé Luís

A grosso modo:
“Crepúsculo” é como futebol: "Os personagens ficam durante duas horas, ninguém marca nenhum tento e bilhões de fãs insistem em dizer que você simplesmente não consegue entender como tudo aquilo é super legal...”

Tenho aqui comigo que a origem da frase é americana.

Norte-americanos, em sua maioria, não apreciam futebol. Na terra do basquete, eles não conseguem entender como um jogo pode acabar sem que ninguém faça ao menos um ponto no placar durante quase duas horas (daí, a comparação com o filme).

Hoje, vi meus três filhos chorarem e lamentarem um grupo de brasileiros que, ao final de pouco mais de 100 minutos, deixaram de concorrer em um campeonato. Ouvi lamentações durante os quinze minutos que percorri da minha casa até o ponto de ônibus, continuando pelos quase cinquenta minutos do trajeto até o trabalho.

Observei pessoas entrarem acabrunhadas no coletivo, um conterrâneo nordestino entrar falando alto, como se desse pronunciamento esperado a toda a lotação, repetindo as frases prontas que os comentaristas lançam sistematicamente. Ri quando lamentou todo o esforço que ele tinha feito em prol da seleção e mesmo assim ela – o time – não retribuiu a altura. O amigo que subira com ele gaguejava para que fosse sentar, mas o discurso permanecia.

Xingaram o Dunga conforme os canais de mídia ordenavam, e alguns, com pose de “sei-mas-que-todos” tentavam explicar que tudo não passa de uma armação, um pré-combinado: “Esse ano é da Alemanha, todos já sabem, a Nike é quem deu a ordem...”

No serviço, as pessoas se arrastavam, colegas de olhos inchados pareciam experimentar o que as mulheres vivem mensalmente, e chamam por T.P.M.

Os mesmos comentários.

“Dunga não é mais técnico...” gritou alguém, ao ler a noticia pela internet. Pronunciamentos emocionado dos jogadores, o protesto repetitivo do colega sentado ao lado. Nem parecia que o pai dele estava na U.T.I. após um A.V.C.

O comércio permanecia de porta baixadas, como em luto. Não tem o que fazer com tantas camisas, cornetas, chapéus, e tantos cacarecos vendidos por causa do magnânimo evento. Alguns ainda usam a camisa pirata da seleção, por um amor a pátria que acontece de quatro em quatro anos(em breve a usarão em peladas, quando for mexer no motor do carro velho, ou for pintar o portão). Outros, mais exaltados, já tiraram-na: é a sua forma de protesto contra o fiasco.

Eu, particularmente, não sei porque amamos tanto o futebol, mas posso dizer que os americanos nem imaginam o que estão perdendo. Quanto a série Crepúsculo: eu ainda não assisti (nem li nenhum dos livros). É bom?

Comentários

  1. Futebol é legal, mas Crepúsculo...hummm.
    Estão dizendo por ai que este último é o melhorzinho, com dialogos mais trabalhados, mais fiel ao livro, parece que a roteirista, Melissa Rosenberg da série Dexter (minha preferida, estou aguardando a quinta temporada para setembro, recomendo) foi contratada para dar uma levantada.
    Eu só assisti o primeiro, não marcou minha existência.
    O livro não pretendo ler, gosto do soturno de Hermann Hesse, por exemplo.

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  2. Concordo contigo em gênero, número e grau... muito boa esta postagem, reflete bem o que acontece na realidade. Parece que é assim em todo lugar. O luto é geral, mas passa...

    Assim como aconteceu em 2006, choramos, lamentamos e esperneamos, mas passou e estávamos aí de novo em 2010 torcendo e sofrendo como condenados!!!
    A quem diga que nunca mais vai torcer, fazem promessas que nunca mais vão vestir a amerelinha... Mas em 2014 vamos está sofrendo de novo, e de novo, e de novo... até vir o Hexa! É sempre assim, brasileiro não desiste nunca!!!

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  3. PoiZÉ...

    Que dobradinha mais infame rss O bom disso tudo é que tem uma boa parcela que não está alienada nem com um nem com outro. Pois nem eu nem uma boa parcela com quem conversei, ficamos enlutados com perda de campeonato.Apenas tristes, a princípio. Normal.

    Ora, me poupem, Brasil não é dono de bola e é assim que se neutraliza essa arrogância.Não que eu não tenha curtido, vestido camisa,tomado umas geladas, reunido turma e tal... Mas, não deu, gente. Acabou pra nozes ontem, e daí? Arranjar culpado é coisa de menino, bora combinar. BOLA pra frente! (Agora fica o resto da semana os especialistas em futebol com blá blá blá...)

    Já Crepúsculo, espero que seja só mais uma onda (que passa, claro!) que insiste em querer influenciar os pré e os adolescentes.

    Enfim...

    Em ambos os casos, só depende de nós, adultos. De nossa orientação, nossa presença, nossa ação, nossa lucidez que banha os mais jovens e os incita a refletir e tirar conclusões sadias em meio a essa dinâmica toda.

    Em termos de riqueza literária, a saga deixa muuuuuito a desejar, embora eu só tenha folheado, já que tenho uma sobrinha de dez anos que exibe os volumes da série com certo orgulho/ingenuidade (Mas "faz parte".)

    Ah e euzinha não me contive rss e escrevi no meu blog o meu achismo a respeito quando assisti casualmente a entrevista da autora à Oprah.(O título é CREPÚSCULO enfocando mais o perfil da autora) E não demorei pra sacar que ela, a partir de um sonho, (eu diria pesadelo :P) apenas coloca nova roupagem no velho conto de fadas às avessas onde a pobre menininha mortal, frágil e indefesa, dá de cara com seu lindo e ETERNO protetor com aquele inexpressivo olhar de peixe morto e a cara de "pancake factor number one".

    E rende, viu?

    O que me alivia é que na estante de minha sobrinha tem obras, digamos, decentes ih ih ih.

    Isso é que é SUPERLEGAL. :)

    Abs...

    R.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Li todos os livros da Saga e assisti aos dois primeiros filmes, eles não são lá muito fieis aos livros mas pra quem gostou da historia ver materializado todo o acontecimento é algo bem bacana..A gente critica, assim como no futebol, mas sempre está lá pra assistir tanto o filme quanto a partida.
    Espero assistir este fim de semana ao novo filme Eclipse, creio eu que será mais emocionante que a partida do Brasil contra Holanda...
    Beijos

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  6. eu aaaaaaaaaamo os livros e os filmes tbm são bons!!

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  7. Esses Americanos não sabem o que é bom!.. afinal tb foram eles que inventaram crepusculo!HAhahahhaha

    Eu li pra poder saber se era tão ruim quanto alguns falavam, afinal não vou falar que algo é ruim só porque os outros falam.. no começo até gostei, mas depois o livro ficou mais pegajoso que cola com mel... meu Deus muita enrolação e futilidade!

    resumindo Zé... se você não for adolescente e menina, você não vai gostar! Hehehh

    Sem querer ofender ninguém ai que gosta tah? mas essa é minha mera opnião!

    ai Zé.. vc não consegui colocar meu banner aqui ainda não? tah com algum problema no código? só pra saber, pq ai eu preciso arrumar!

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  8. Como um irmão meu diz: "Quem gosta de futebol gosta e pronto".

    Já quem gosta de Crepúsculo, bom... gosta do Robert Pattinson mesmo, rsrs.

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  9. Olá, Diego.

    É com meu template mesmo.

    O blogger mudou e exige que se coloque título em cada gadget. Para isso não acontecer, tem que mexer no código. Farei neste fds.

    Vou ver se leio...

    Adriana:

    Não conhecia este livro do H.Hesse.

    Soturno?
    Li o Lobo das Estepes, entre outros, mas este... Vou dar uma procurada.

    Valeu!

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  10. Não gosto nem de futebol nem de Crepúsculo.
    Mas gosto do Dunga e de filmes de vampiros.

    Aliás, Crepúsculo (falo do filme, o livro eu não li) não é sobre vampiros. É sobre sexualidade, castidade, e outros temas que interessam (ou não) aos jovens e adolescentes.

    O último filme decente que foi produzido sobre vampiros foi "Entrevista com o vampiro", baseado nos contos de Anne Rice. Que aliás se converteu há pouco tempo.

    Quanto ao futebol, me interessa uma vez a quatro anos, sempre me deixando mais indiferente no final.

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  11. Zé,
    eu quis dizer, o estilo soturno do Hermann Hesse.
    Digo isto, porque os adolescente que eu conheço justifcam o gosto por Crepúsculo, devido o ambiente sombrio.
    Vamos combinar que sombrio é "Demian".

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  12. Adriana:
    Putz...kkkkkk... tá!

    Demian é estranhíssimo, angustiante, sombrio mesmo...

    O que me chama atenção no Hesse é a capacidade de ser um escritor de HOJE já em 1945, quando a Alemanha sonhava com o domínio mundial, e ele discordava de tudo que estava se defendendo ali. Ele era um dos autores que tiveram seus livros queimados pelo Fuhrer nas fogueiras de Berlim.

    Mesmo com sua formação cristã, Hesse mostrava seu talento em livros como Sidarta (nem parece que Demian, Sidarta e O Lobo das Estepes são do mesmo autor).

    Ótima leitura realmente.

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  13. não, o filme não é bom.
    não assista!

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  14. Ah eu tb quero dar meu pitaco sobre H.H, vai :)

    Porque ele foi um dos meus prediletos da adolescência, inclusive indicado por uma jornalista quase tia rss tão fascinada por sua obra que o nome do seu primeiro filho é Demian, que hoje já deve ter seus trinta e poucos e é um grande jornalista tb.

    E só mais adulta fui entender o pq de sua obra "revoltada".

    Imagine a bronca na cabeça do cara pra percorrer, à época, a trilha de filho de missionários protestantes a budista.

    O Lobo da Estepe era o meu preferido. Li várias vezes no final dos anos setenta.

    Vou voltar a ler...

    Abs,

    R.

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