A melhor maneira de julgar o próximo

por Zé Luís

Dizia o profeta que nosso senso de justiça é como trapo de imundícia (ou aqueles “paninhos” usados como absorventes íntimos pelas mulheres judias na antiguidade). A menstruação é para o judeu algo imundo, e sua Lei ordena que o homem sequer, neste período, se deite com a mulher, durante dez dias.

Imagine alguém que enxuga um prato, por exemplo, usando esse tipo de pano. Você certamente, ao visualizar a cena, deve ter ficado com estômago revirado, mesmo se o que vai na louça “enxugada” for o mais delicioso dos manjares.

Assim fica o quadro distorcido de nosso senso de certo e errado, resultados de experimentar a árvore do conhecimento do bem e do mal. Não é limpar, é sujar mais ainda

“Não julgue para que não seja julgado, já que são os mesmos critérios aplicados por você que serão usados na avaliação de você mesmo” parafraseando o que ensinou o Mestre.

Muitos radicais religiosos amam botar o dedo em riste no rosto alheio, sem lembrar desse ensinamento simples. Possivelmente, no dia do juízo, eles mesmos se condenem, já que nunca exercitaram a misericórdia (saber que o outro é culpado e perdoar assim mesmo. Diz a Bíblia que Deus é rico nisso). Nosso senso crítico jamais deixaria um culpado impune, embora esperemos que, quando fomos pegos em nossos delitos – não existem inocentes – sejamos perdoados por um ou outro ato de bondade feitos por nós durante a vida, quando usaremos mercenariamente isso como moeda de troca. Nem lembramos que praticarmos atos bons é obrigação, deveria ser próprio de nossa natureza, por sermos imagem e semelhança Dele.

Falta-nos admitir que nossa visão é estreita:

Quem é o culpado pela criança abandonada, que morre como aborto nas ruas de uma metrópole quando tentava fazer mais um furto que ocasionou na morte do assaltado?

Uns dirão:
“Culpa dos pais! Puseram filhos no mundo e largam na vida!”
Mas então, descobriremos que foi uma escolha da criança mesmo:
“Culpa dela, as influências dos maus amigos...”
Mas ela fugia de maus tratos de algum pai ou mãe alcoólatra, ou são os filhos do crack, gerados por indigentes viciados nas calçadas frias, entre o lixo e os ratos. Não faziam filhos, copulavam como manda o extinto.

E agora? A quem acusaremos? O traficante, que vive da destruição alheia? De um grupo de maus policiais que permite, através de corrupção, que traficantes permaneçam vendendo? De um sistema que jaz no maligno e que insistentemente mantém vidas nos lixos existenciais e misérias sociais? Do sistema perverso que se mostra sempre intransponível, impossível de ser quebrado?

Talvez a culpa esteja nas mãos daqueles, que vivem arrotando sua vontade de ajudar o próximo por amor a Deus, mas no fundo quer mais é que esses morram logo, para o mundo ficar com aquele colorido bonito dos cultos de domingo, sem o cheiro de urina e suor que esses indesejáveis emanam.

Qual o resultado de milhares de pessoas sendo manipuladas por jornais e revistas, inculcando critérios distorcidos, quando sugerem – por exemplo – que você deve mandar dinheiro para eles, para ELES darem um jeito na situação. Uma meia dúzia será filmada, para provar o bom uso das ofertas, enquanto tudo, os milhares de milhares, continuará como estão, vivendo para serem empurrados na vala comum da existência.

Por que você terceirizou a bondade que deveria fazer? Mandou suas ofertas para não ter que pensar que falha dentro de sua própria casa?

A solução está na primeira frase:
Não julgue, esteja atento para o serviço, prudente como uma serpente, mas na tranquilidade e simplicidade das pombas que passeiam nas praças, transitam pacíficas entre gigantes, sem se importar com as probabilidades de serem aniquiladas. Quando se crê em Deus e sua providência isso é possível.

Aprender a deixar nosso aclamado ego em 2º plano pode ajudar a perceber nossas deficiências, largar togas que não nos pertencem e nem nos cabem, entregar nossas escolhas a Deus em lugar disso, e perceber como nosso caminho começa a nos levar a um lugar iluminado só nos lembrará que procuramos a luz por estarmos ainda cercados pelas trevas de nossa alma. Nós nem nos damos conta...

Isso pode evitar nossa própria condenação, diante de nós mesmos.

Certa vez Davi foi procurado por um profeta, que pedia-lhe parecer sobre o caso de um homem rico, dono de grandes rebanhos, mas que roubou a única ovelha de um funcionário, e de quebra, mandou que assassinassem-no.

O rei irou-se, declarando que tal homem perverso era digno de morte.

O problema era que o tal homem perverso, digno de morte, era o próprio Davi, que matara um de seus soldados só para assumir a mulher dele, no qual engravidara enquanto esse batalhava suas guerras.

Sim. É julgando exatamente assim, com a justiça do olho por olhos, que você se condena.

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