Isaías 40: Um bate papo entre amigos

por Zé Luís

Quando li a Bíblia pela primeira vez, confesso que não me pareceu uma tarefa gratificante conhecer todo aquele emaranhado de histórias antigas. Trechos de leis gerais, como no livro de Levítico, ou as intermináveis genealogias, ainda mais com as linguagens burlescas e acontecimentos que só tinham sentido naqueles dias e contextos sociais, há milhares de anos e quilômetros daqui.

Minha maior dificuldade eram os profetas, com suas esquisitices e discursos fora de tempo e ordem cronológica. Um exemplo foi o capitulo 40 do profeta – dito maior – Isaías: mostrava escritos, que ao meu ver, não tinham pé nem cabeça.

Na verdade, por esperar outro tipo de informação, não podia enxergar a simplicidade do óbvio: Aquilo era um diálogo, uma conversa entre amigos, Um, o que mandava, ordenando a seu subordinado que notificasse ao Seu povo uma excelente notícia, mas ausente de pontuações que me pudessem explicar qual dos personagens se pronunciava. Seguindo o roteiro contido no original bíblico, creio que o texto, fosse de outra formatação, ficaria assim:

-Consolai... consolai o meu povo – mandou Deus que dissesse a vocês, disse o profeta - Pediu que falasse de forma calma aos moradores de Jerusalém, mas pediu que mudasse a entonação, bradando e deixando bem claro que essa malícia de vocês chegará ao fim, e que toda essa maldade praticada, será paga em juízo, não só na medida, mas em dobro. Calma... não se preocupem com a forma que essa dívida será paga...

Nesse tempo – conta o profeta – uma voz sacerdotal clamará nos desertos, no “grande nada” se dará início a caminhada, pavimentando uma estrada excelente, indicando um caminho único, onde o que está esburacado e em desnível, será aplainado, e onde houverem montanhas e montes, serão cortados, para que não haja oscilações de nível nessa pista. Um caminho onde só bastará trilhar, sem riscos de curvas perigosas, ou bruscos cruzamentos (Jesus, a realização dessa profecia, dizia ser "O Caminho")

Será nesse ponto da existência humada que o Criador dos Universos se mostrará aos homens, não como Ser invisível, mas em uma forma que o olho humano será capaz de enxergar e compreender.

Ouvi isso de meu Senhor – disse o profeta, ao passar sua mensagem à população, mas ele mesmo estava boquiaberto. Estupefato, conta o profeta, perguntei para Deus, assim como esse homem, a “Voz que clama” também fará:

-Vale a pena clamar por nós, esses humanos imprestáveis? Toda ser vivente é como mato, e toda a sua beleza como a flor do campo, daquelas que florescem de manhã e murcham no fim do sol da tarde. Assim é a beleza humana... seca, murcha... E vira poeira com o tempo, como fosse esse o hálito de Deus decretando aos homens que eles vieram do pó, e ao pó retornarão.

Apenas aquilo que Ele diz permanece, mesmo quando todos os homens desaparecerem.

Deus escuta as indagações de seu profeta, e impassível em seu amor pelo homem, insiste mesmo assim:

-Meu profeta, anunciador de boas-novas aos moradores dos lugares prometidos, sobe a um monte alto. Você, escolhido para contar boas noticias a Jerusalém, fala alto, se necessário grite, sem se preocupar, diga às cidades desse país: ”aqui está o vosso Deus.”

Isaias retoma a palavra:
- Sim: quando esse Deus vier, virá com poder, e sua força fará por si só seu trabalho, e trará sua recompensa com Ele, mesmo sabendo do destino que lhe aguarda como prêmio.

Fará mansos os homens, como fossem ovelhas, e delas cuidará, guiando-as em paz, cuidando pessoalmente dos pequenos, como bebês de colo, nessa estrada anunciada pela “Voz que clama”.

Deus viu na mente de seu profeta que era inconcebível a um homem entender tamanho amor e revela como trabalha, as proporções de sua existência, perguntando ao seu profeta:

-Quem seria capaz de criar mares como quem mexe com baldes d'água? Esquadrinhar os céus como se medisse em palmos? manipular toda a matéria na qual o planeta é feito como quem mede com uma balança de mascate? Quem seria capaz de aconselhar meu Espírito? Ensinar-me algo ou dizer por onde devo ir?

Toda essa presunção dos homens que lideram as nações é absurda – continua o Criador, em sua explanação – conhecessem meus universos? Caso soubessem da dimensão das coisas, entenderiam que vocês nada são em comparação ao que criei.

Vocês creem que as florestas do Líbano gerariam combustível para gerar o fogo do inferno, e que suas vastas fazendas poderiam gerar animais suficientes para dar em sacrifício que pagasse, com sangue, todos os pecados incessantemente cometidos... Não fazem ideia do tamanho do Universo, que essa ganância toda é vã, tola, absurda...

O profeta entende que não existe algo que possa ser comparado a Deus. Ele é o que é: “Eu sou”. E começa a divagar diante do público, falando sobre o assunto:

Por mais que a criatividade humana se eleve, criando qualquer tipo de símbolo, estatua, imagem, escultura... tudo é raso, por mais esplendido que seja. Nada se compara, e por saber, quem insiste nisso comete um erro indigno, um pecado imbecil. Se o pobre quer um deus de madeira, essa por mais bela que seja esculpida, apodrecerá, Mesmo os metais passaram e se perderão na vala comum do tempo. Como comparar a esse Deus sempre contemporâneo, renovado, límpido, brilhante?

Vai dizer que você não sabe? Nunca ouviu? Desde antes de seu nascimento, há algo em você que aponta para isso... Finge ignorar isso dentro de você? Existe, em algum lugar de sua alma, a informação de que esse Deus observa inexplicavelmente cada um, não observando nosso mundo como olham os humanos, e nem vive inserido no tempo como nós. Ele raciocina bem diferente.

Esses que se julgam poderosos e herdeiros de poderosos estão, o tempo todo, a beira de serem nada, e os que aplicam as leis nada significam em suas posições privilegiadas.

Sinceramente? Vocês começam mal as coisas, pois seus motivos são maléficos, e por isso, o que se geram são sombras. Diante da Luz, não resta a estas nada, a não ser desaparecerem como se nunca tivessem existido.

Entende o porque de não haver como me comparar a nada? - intervem Deus, no assunto, retomando a palavra – Mas se precisam de provas, elas sempre estiveram aí: olhem em volta, em todo o ambiente  em que existem. Por que motivo a vida se propagaria - aparentemente – aleatória?

Diante de tamanha demonstração de poder exposto nos mínimos detalhes, por que ainda acredita  que podem esconder de Mim algo de suas atitudes?

O profeta então diz:
-Vocês já devem ter ouvido, tenho certeza que sim: o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos confins da terra, não se cansa nem se fatiga. E não tente prever seu raciocínio (fosse possível, o diabo, que tenta fazer isso o tempo todo, teria vencido*).

Inútil tentar entender porque dá força ao cansado, e aumenta as resistências do que não tem nenhum vigor, quando mesmo os jovens se cansarão e fatigarão, a ponto de desmaiarem. Ele faz isso para os que Nele esperam. Não haverá canseira, desânimo prolongado, e no tempo determinado, avançarão aos seus objetivos como se tivessem asas.

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