Acredite: todas as paredes desta igreja são feitas de ossos e crânios humanos



"Nós ossos que aqui estamos pelos vossos esperamos"

Sabemos que o tema é desinteressante, já que vivemos como a morte não fosse acontecer, gostando de imaginar que nunca estaremos "lá". Mas vale a pena deixar registrado a mensagem dos que viveram e já não estão mais aqui

A Capela dos Ossos é um dos mais conhecidos monumentos de Évora, em Portugal. Situada na Igreja de São Francisco, foi construída no século XVII por iniciativa de três monges que, dentro do espírito da época (contra-reforma religiosa, de acordo com as normativas do Concílio de Trento), buscava deixar nas mentes a brevidade da vida, tal como se depreende do célebre aviso à entrada.


A capela, construída no local do primitivo dormitório fradesco é formada por 3 naves de 18,70 m de comprimento e 11 metros de largura, entrando a luz por três pequenas frestas do lado esquerdo.

As suas paredes e os oito pilares estão "decorados" com ossos e caveiras ligados por cimento pardo. As abóbadas são de tijolo rebocado a branco, pintadas com motivos alegóricos à morte. É um monumento de uma arquitectura penitencial de arcarias ornamentadas com filas de caveiras, cornijas e naves brancas. 

Foi calculado à volta de 5000, provenientes dos cemitérios, situados em igrejas e conventos da cidade. A capela era dedicada ao Senhor dos Passos, imagem conhecida na cidade como Senhor Jesus da Casa dos Ossos, que impressiona pela expressividade com que representa o sofrimento de Cristo, na sua caminhada com a cruz até ao calvário.

Lá dentro, podemos ler poemas como esse:

Poema sobre a existência
Uma das colunas da capela

Aonde vais, caminhante, acelerado?
Pára…não prossigas mais avante;
Negócio, não tens mais importante,
Do que este, à tua vista apresentado.
Recorda quantos desta vida tem passado,
Reflete em que terás fim semelhante,
Que para meditar causa é bastante
Terem todos mais nisto parado.
Pondera, que influído d'essa sorte,
Entre negociações do mundo tantas,
Tão pouco consideras na morte;
Porém, se os olhos aqui levantas,
Pára…porque em negócio deste porte,
Quanto mais tu parares, mais adiantas.

*Este soneto é atribuído ao Padre António da Ascensão Teles, pároco da freguesia de São Pedro (na igreja de São Francisco) entre 1845 e 1848.



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