Amor: 8 formas diferentes de amar

Amor: essa palavra tão utilizada. Uma ferramenta de linguagem. Mas o que realmente significa?

- Jesus! Estou apaixonada por você! –declara a cantora gospel.
- Amo você, mas de uma forma diferente... não sinto aquele “q” especial...
- Logico que Jonatas e Davi tiveram um caso homossexual! Leia! Davi amou o filho de Saul! Está na bíblia! Eram gays!
- Amo meu cachorrinho! Adoto ficar nesse cantinho do sofá com minha xícara de café!  - Amo livros e me aborreço quando alguém faz orelhas neles...

Longe de ser um esquimó, que possui dezenas de palavras para definir os diversos tipos de gelo conhecidos, os gregos definiam o amor de forma diferenciada, vendo-o como um fruto que possui diversas espécies. A banana pode ser prata, nanica ou da terra, sem deixar de ser banana. Assim era o amor para eles.

Certamente, você já deve ter ouvido sobre alguns. C.S.Lewis fala especificamente de quatro amores aqui também citados, e os riscos que cada um deles possui – excetuando Ágape, como podem adoecer e virar anjos do mal. Não é o objeto do estudo abaixo. Não por hora:

eros o amor romantico
08 - Eros – o amor romântico ou a paixão sexual:

Eis o mais popular dos amores nos dias atuais.

Filho de Afrodite, Eros era o deus grego da fertilidade, e representava a paixão avassaladora e o desejo sexual. Sua representação alada e o uso de flechas para fazer com que suas “vitimas” se apaixonassem originou a ideia do cupido.

Tanto os gregos como alguns teólogos famosos - como o já citado C.S.Lewis - compartilhavam a ideia de que a ação de Eros (de onde surgiu termos derivados como “erótico”) poderia ser nociva, já que paixão também é uma dor, e como tal, seu portador adoeceria gradativamente de seus sabores. Os sintomas dos apaixonados, se listados, lembram mais a descrição de algum tipo de enfermidade.

Alguns padres, pastores e conselheiros matrimoniais defendem que ninguém deve se casar antes de 40 meses de namoro, tempo máximo de duração de Eros. Após isso, o casal poderá dizer claramente se suportarão a vida em comum, sem o sentimento avassalador.

07 - Mania – um dos lados negros de Eros

Quem já experimentou uma ligação amorosa do tipo montanha - russa, um dia nas nuvens e outro no fundo do poço, conhece o estilo Mania.

amor obsessivoÉ a paixão obsessiva e ciumenta. O indivíduo sempre acha que não é amado tanto quanto ama, buscando provas de amor – sempre insuficientes - e é capaz de loucuras para chamar a atenção do ser amado.

Tem tanto medo do abandono que o parceiro acaba indo embora de verdade. "Mania é o lado obscuro de Eros", define a Psicóloga Americana Irene Frieze, da Universidade de Pittsburgh.

Uma dica? Não case se você vive esse amor. Creio que a pessoa já venha adoecida de outra relação, e projeta tudo em cima de uma nova, como se pudesse consertar - ou se vingar- nessa oportunidade.

O personagem que melhor o representa é Otelo, que na peça homônima de Shakespeare mata sua mulher numa crise de ciúmes. A melhor versão dessa peça no cinema foi estrelada por Laurence Olivier (1965)

Otelo , de Shakespeare, mergulha fundo no Inferno do Ciúmes

06 – Philia – a amizade

philia - o maor amizade

Esse é uma das formas de amor mais confundidas nessas últimas décadas.

C.S.Lewis defendia que esse era o amor vivido pelos anjos. Ao contrario de Eros, que faz com que um olhe nos olhos do outro, esse amor faz com que seus portadores olhem na mesma direção, rumo a um objetivo admirado. Disse ser o amor vivido pelos anjos.

Esse amor nasce normalmente no momento em que você comenta sua admiração sobre um livro ou um personagem de novela, e alguém se interessa pela conversa por ter a mesma admiração.

Philos – confundido com homossexualismo dos bíblicos Jônatas e Davi – pode ser encontrado em companheiros de batalhas, veteranos de guerra, onde a lealdade e sacrifício são compartilhados de forma usual.

Infelizmente, a amizade genuína não consegue juntar nem dez pessoas. Entre sexos opostos, Philia tende a migrar gradativamente para Eros.

Assim como o amor Erótico, o amor amizade pode ser dominador, e sem o devido policiamento, se enciumar com a aproximação de mais um individuo no grupo, que tende a ser intimamente fechado, sem envolver sexualidade entre as partes.

05 - Storge: a afinidade entre pessoas e coisas

O mais humilde dos amores, segundo C.S.Lewis.

É o amor familiar, entre pais e irmãos. É o apego que sem tem por bichos ou objetos. Nele não há erotismo ou exageros de paixão. Um pai ama o filho, e isso é amor legítimo embora não seja de nenhuma outra forma das citadas abaixo.

Uma criança ama seu brinquedo de forma semelhante, embora totalmente diferente da forma que ama o pai ou seu cãozinho.

Como veremos em alguns casos, a deturpação de um amor pode causar grandes danos. As demonstrações de afeto podem expor algo que não vai bem. Pode-se curtir aquela velha poltrona para ler nosso livro preferido, mas levar esse móvel para o trabalho para provar esse tipo de amor é algo totalmente fora de contexto.

04 – Ludus: o amor de brincadeira

“Agora eu era herói e o meu cavalo só falava inglês. A moça do cowboy era você além das outras três...”
Assim cantava Chico Buarque, nesse caso clássico de amor Ludus.

Essa era a ideia grega quando se referia a afeição entre as crianças, ou mesmo os namoros juvenis, onde a sensualidade é nula e existe uma profunda satisfação, sem que haja os apelos de Eros. “Lúdico” deriva dessa palavra, que fala em expansão da criatividade através de jogos e brincadeiras.

Ludus é bem isso: o estagio onde ainda não se alcança as necessidade apimentadas por Eros, substituindo o erótico pelas brincadeiras de roda e danças.

Algumas religiões cristãs exigem de seus solteiros – independente da idade - esse tipo de relação até que eles consumem o casamento. Em seguida, esperam que Eros se apodere instantaneamente de sua relação, o que acaba por causar certos conflitos, já que os amores são sempre maiores que nossas vontades.

03- Pragma: o amor que ficou pelos tempos.

Outra definição grega de amor é conhecida como o amor da maturidade, Pragma, desenvolvida através de profunda compreensão pelo casal após longos anos de convívio.

Essa maturidade fala de manutenção de compromissos em ajudar nos trabalhos dentro do relacionamento todo o tempo, com demonstrações honestas de paciência e tolerância.

O psicanalista Erich Fromm diz que nós gastamos muita energia nos processos de “apaixonar-se nas relações” esquecendo-se da necessidade de aprender como “manter-se nessas relações”. Pragma é precisamente isso: ensina esse processo de carinho mutuo, onde sabemos dar e receber, sem as imposições de Eros. Um terço das separações nos Estados Unidos acontece nos dez primeiros anos de casamento. Pragma certamente, se aplicado nessas relações, poderia evitar muitas dessas rupturas. O problema é que esse amor é repudiado por uma imensa parte das pessoas, por julgá-lo insuficiente, se comparado à adrenalina oferecida por Eros.

Uma curiosidade desse amor pode ser vista nos cemitérios: quando uma das partes morre, a outra, pouco tempo depois também falece. Isso é notado nas lápides e nas datas em que são enterrados.

02. Philautia: o amor que se cuida.

Essa variedade do amor é muito confundida com o lado demoníaco do termo: o Narcisismo. Philautia não é obsessivo em torno da própria imagem, ou foca apenas na fama e fortuna que o “eu” pode ganhar. Saber se amar é algo complicado e difícil de equilibrar, embora a necessidade desse amor não possa ser ignorada.

A ideia é saber gostar de si mesmo e sentir segurança em seus próprios atos e atitudes, podendo assim transferir essa reação para as outras pessoas (algo que se aproxima do pensamento budista inspirado na “autocompaixão”). Aristóteles dizia que “Todo sentimento amigável para com os outros é uma reação do que o homem já sente por si mesmo.”.

Mesmo as implicações de amor nesta forma são dadas pela Bíblia, quando ordena que ame ao próximo como a ti mesmo. Sem amar a si mesmo, como amar corretamente o outro.

01. Ágape: o amor por todos.

“Deus é amor” afirma a bíblia, e esse amor é citado inúmeras vezes. Se o universo está cheio do amor, é ágape a quem ele se refere, fazendo a imensa roda gigante dos mundos acontecer.

Como citado no inicio da lista, pessoas cantam em igrejas sobre estarem apaixonadas por Cristo, sem se atentar que desejos eróticos por Cristo não tem muito sentido quando Jesus, sendo filho de Deus, era movido pelo puro Ágape.

Ágape é a chave de compreensão dos evangelhos, embora também apareça em outras tradições religiosas como no Budismo, entre outras. Ele não causa cegueira como Eros, nem se demoniza como a grande maioria dos outros amores: ele é capaz de enxergar o erro no outro, compreender isso, odiar a falha, sem comprometer o portador do erro.

É a força que nos mantém alimentando coisas e pessoas que não gostamos, que nos faz levantar de manhã e cuidar de todos a nossa volta, embora essas ações de ajuda não façam sentido racional.

Quando a bíblia foi traduzida para o Latim por Jerônimo, Ágape foi chaamado “caritas” derivando para “caridade” com o passar dos anos. O sentido de “caridade” é muito maior do querer ajudar pessoas necessitadas de esmolas ou fazer doações de roupas e mantimentos aos moradores de orfanatos.

Pesquisas revelam que há um declínio gradativo desse amor em muitos países, e essa necessidade de ajudar desconhecidos com empenho vem desaparecendo da cultura americana nos últimos 40 anos, acelerando em demasia na última década.

Em proporção, a depressão vem matando cada vez mais.

Muitos receitam que uma boa dose de Eros ou um passeio com Storge poderia resolver a falta de interesse pela vida, causada pela depressão. Em alguns casos, nem medicação faz efeito, e não são raros os casos de suicídio por conta da doença.

Vale a pena ressaltar os casos registrados ocorridos em uma proporção bem maior em países desenvolvidos, onde não há problemas financeiros, sociais e a liberação sexual é totalmente aberta.

Ágape não é um sentimento ou emoção. Devemos nos impregnar dele: não se levanta da cama, não se banha ou procura se alimentar sem que esse amor nos alavanque. Sem ele, não temos porque viver, mesmo quando todo o dinheiro chegar ou tivermos todo o sexo que Eros pode nos dar

Releia esse trecho, do capítulo 13 da carta de Paulo aos habitantes da cidade de Corinto. Ele fala diretamente de Ágape. Aproveite seu entendimento sobre esse amor e reconstrua seu conceito, já cantado e citado por tantos:
Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o sino que ressoa ou como o prato que retine.
Ainda que eu tenha o dom de profecia e saiba todos os mistérios e todo o conhecimento, e tenha uma fé capaz de mover montanhas, mas não tiver amor, nada serei.
Ainda que eu dê aos pobres tudo o que possuo e entregue o meu corpo para ser queimado, mas não tiver amor, nada disso me valerá.
O amor é paciente, o amor é bondoso. Não inveja, não se vangloria, não se orgulha.
Não maltrata, não procura seus interesses, não se ira facilmente, não guarda rancor.
O amor não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade.
Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.
O amor nunca perece; mas as profecias desaparecerão, as línguas cessarão, o conhecimento passará.
Pois em parte conhecemos e em parte profetizamos;
quando, porém, vier o que é perfeito, o que é imperfeito desaparecerá.
Quando eu era menino, falava como menino, pensava como menino e raciocinava como menino. Quando me tornei homem, deixei para trás as coisas de menino.
Agora, pois, vemos apenas um reflexo obscuro, como em espelho; mas, então, veremos face a face. Agora conheço em parte; então, conhecerei plenamente, da mesma forma como sou plenamente conhecido.
Assim, permanecem agora estes três: a fé, a esperança e o amor. O maior deles, porém, é o amor.
1 Coríntios 13:1-13
Algumas informações colhidas aqui

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