Anti-teísmo: o novo ateísmo é perigoso?

Craig Stephen Hicks


O assassinato de três jovens muçulmanos na semana passada na Carolina do Norte, EUA, chamou a atenção de um tipo de denominação pouco conhecida: o anti-teísmo.

Ao se investigar as motivações do autor do atentado confesso, Craig Stephen Hicks, 46, descobriu-se que a sua maior motivação é o ódio pelas religiões. Hicks se entregou às autoridades após ter assassinado a tiros os seus vizinhos da cidade de Chapel Hill, Deah Shaddy Bakarat, 23, a esposa Yusor Mohammad Abu-Salha, de 21 e sua irmã Razan Mohammad Abu-Salha, de 19.

Deah Shaddy Bakarat, Yusor Mohammad Abu-Salha, Razan Mohammad Abu-Salha

A polícia acredita que Hicks, a quem foi imputado os assassinatos, matou por conta de uma disputa sobre o uso de espaço em seu apartamento, mas a família das vítimas alegar ter sido crime de ódio, o que agravaria a pena

No Facebook, Craig Kicks é costumeiro crítico de todas as religiões, e se descrevia como um "ateu armado".
"Dado o enorme prejuízo que a religião tem feito a este mundo, diria que só não tenho apenas o direito, mas o dever, de insultá-la" - disse ele, em um de seus comentários.

Mas a questão é: devemos estar alertas a esse tipo de agressividade que surge em alguns ateus?

Em um artigo publicado em novembro do ano passado, Reza Aslan, professor da Universidade da Califórnia em Riverside, adverte que é necessário distinguir claramente entre os ateístas e anti-teístas. Esse último grupo tem ganhado muita projeção, com grande influência de nomes como Richard Dawkin, e Sam Harris por seu ativismo anti-religioso, denominando-se Novo Ateísmo.

Em primeiro lugar, diz ele, "a religião é um dos maiores males do mundo, comparáveis a varíola". Em segundo lugar, "se eu tivesse uma varinha mágica e tivesse que escolher entre a remoção das violações mundiais ou a erradicação da religião não hesitaria em remover o último".

Em seu artigo, Aslan escreveu que deve ficar claro que essas duas personalidades não falam em nome da grande maioria dos ateus.

"Devemos deixar de chamar o Novo Ateísmo por "ateísmo " e começar a chamá-lo de que ele é: "anti-teísmo", escreveu Aslan.

Para ele, o anti-teísmo é, em essência, uma reação contra o fundamentalismo religioso, e responde à religião "com a mesma ira venenosa usada pelos fundamentalistas quando aplicada contra eles quando respondem ao ateísmo".

Aslan ainda lembra que o anti-teísmo não é um fenômeno novo, mas que remonta do século XVIII e alcançou sua máxima expressão em regimes como o da União Soviética de Stalin e na China comunista de Mao, que proibiram toda forma de religião.

Violência

No mais, o anti-teísmo não continua ganhando adeptos.

Dale McGowan, dirigente da Fundação Beyond Belief (Além da Crença) crê que o anti-teísmo nos Estados Unidos é um fenômeno que vinha perdendo força nos últimos anos.

Disse a BBC Mundo que teve sua maior influencia nos atentados de 11 de Setembro, mas um estudo recente da Universidade de Tenesse apontou seis tipo de ateus e agnósticos. Dentre esses, apenas 14,8% dos que participaram da pesquisa apresentaram o perfil de anti-teísta. 

Mesmo assim, Dale defende que o anti-teísmo não é necessariamente violento:
"Todas as visões de mundo possuem a capacidade de oferecer mensagens humanas e mensagens desumanas"- disse McGowan a BBC Mundo.
O Southern Poverty Law Center, que atua contra crimes de ódio dos Estados Unidos não possui outros registros por conta de anti-teístas, embora o aumento da Islamofobia é preocupante - adverte Mark Potok, um dos membros do centro ao BBC Mundo.

Potok menciona, além do assassinatos dos três muçulmanos, um incêndio na ultima semana em um centro islâmico em Houston, Texas, além de pichações anti-muçulmanas feitos em uma escola islâmica em Rhode Island nesse fim de semana

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