Fez tudo errado na vida, e Deus ainda salva...


Era natural que ninguém gostasse dele.

Pense que seu país foi dominado por outro. Imagine que argentinos em guerra com o Brasil dominaram nossa nação com um forte exército. Só imagine.

Em meio à truculência dos mandos estrangeiros sobre sua casa, gente de outro idioma dizendo para todos daqui o que devemos fazer e quando podemos fazer, surge um brasileiro escolhido pelos argentinos para coletar impostos para eles. O brasileiro vem com soldados argentinos fortemente armados e arranca, sem dó nem piedade, tudo o que quer de seus compatriotas, para dar ao país invasor.

Logicamente, como bom canalha, ele aproveita da posição privilegiada e pega parte dessa arrecadação, embolsando em seu próprio benefício. Quem fiscalizaria isso? O Estado invasor?

-O que faz aí, chefe! Tu vai cair...
- Queria ver como Deus se parece... Ver como Ele anda e age.
- Você acredita realmente que ele é Deus?
- Claro que é! E se tenho uma chance de ver Ele, é agora. Depois de morrer é que não o verei mesmo. Para pessoas como eu, só restam o inferno...
- Isso é verdade... Pessoas como nós. – disse o amigo, que falava com o homem baixinho pendurado em uma árvore. A constatação de seus destinos fez com que a voz se embargasse e os olhos marejassem diante da realidade. Voltou à atenção para o cortejo que seguia ao redor de mais um messias que passava, comuns naquela época.

Zaqueu achou estranho quando o homem santo, cercado por tantos que o tocavam e puxavam, veio em sua direção. Parecia realmente estar olhando para ele.

Estava. E sabia seu nome:

-Zaqueu. Desce. Convém que eu pouse em sua casa.

Os que o seguiam e festejavam pararam e se entreolharam:

“Por acaso esse profeta não sabe que esse é o pior lixo que um homem pode ser? Por acaso esse “messias” não devia saber que esse é Zaqueu, comandante daqueles que nos arrancam dinheiro em nome de Roma? Essa peste é uma desgraça e merece o inferno. Por que Jesus sentaria a sua mesa?”

A casa de Zaqueu estava cheia de seus companheiros de roubo. Todos queriam ver Deus de perto, e o chefe dos cobradores entendeu que poderia haver perdão, mesmo antes de se arrepender ou deixar sua vida maldita.

Ele sabia que não merecia aquela atenção, mas a teve.
- Vou dar metade do que tenho para quem precisa. Se eu extorqui alguém, devolverei quadriplicado.

A força do dinheiro caiu ali, estrebuchando no chão como demônio exorcizado.

“Se Deus passou em minha casa e sentou a minha mesa, que mais eu preciso adquirir nessa terra? Que dinheiro compra isso? Para que serve dinheiro então?” – era o raciocínio absurdo de Zaqueu.

Jesus não fez sinais miraculosos, nem curou sobrenaturalmente. Tão pouco precisou Ele ressuscitar defuntos. Só deu uma chance para a escória da vida e esta abraçou com a alegria de quem esteve pessoalmente em um tribunal com Aquele quem podia condená-lo, mas o absolveu. Nem todos sabem fazer isso.

Inexplicavelmente, os cidadãos de bem, que não enxergavam Deus ali, reprovavam a excessiva bondade de Jesus, enquanto quem não prestava, caiu com a alma de joelhos diante de uma pequena audiência.

Naquele dia, os outros cobradores de impostos também foram salvos e mudaram diante da oportunidade dada pelo Cristo. Houve salvação, e assim o carpinteiro de Nazaré confirmou.

Quando você chegar ao céu certamente poderá cruzar com essa turma perambulando por lá. Quanto aos que desmereceram o rabi pelo seu estranho costume amar quem não presta: destes não posso garantir nada.

Por Zé Luís


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