A batalha na"vida de inseto": o despertar.


No meu quarto há um aquário. Ela se chama TV. Um ou outro familiar a deixa ligada as vezes, e eu, por preguiça ou desanimo, deixo ligada, vomitando suas mentiras sobre o que é melhor para meu consumo ou o que o apresentador tem como opinião para eu tomar como meu. Eu sei: absurdo permitir que o lixo emitido ininterruptamente inunde os espaços dos cômodos da minha casa. Mas nosso mundo é um absurdo e ele, esse mundinho, é feito de gente como eu, absurda.

Em determinada hora, uma novela mostrava escravos negros, munidos de foices e facões, assistindo passivamente um jovem africando amarrado ser chicoteado por um único homem branco, o dono da fazenda. Eles pareciam não perceber que eram maioria e que aquele agressor não teria chance se eles, os escravizados, se dessem conta disso. Olhavam com revolta, mas estavam sem ação contra o espancamento usado para mostrar à comunidade escravizada o que acontecia com quem desobedecia qualquer regra imposta.

Lembrei do final da animação da Pixar: "Vida de Inseto".

As formigas tinham por tradição oferecer parte do alimento produzido aos violentos gafanhotos, até que o idiota do formigueiro resolveu tentar mudar aquela situação e - achando que contratava guerreiros - contratou um grupo circense de fora da aldeia.

Tudo dá errado. A trupe é desmascarada, o idiota - um jovem cheio de ideias e soluções - é expulso e deixa a aldeia sem saber que a rainha seria morta por seus agressores como exemplo para aqueles que ousam desobedecer as regras.

Ao saber da eminente tragédia, eles voltam. E novo fiasco na tentativa de libertar o formigueiro.

O líder dos gafanhotos resolve dar uma surra em Flik, a formiga rebelde, a idiota idealista que quer mudar o status quo (ou se preferir, dar às formigas o direito de ficar com aquilo que produziam).

O rosto de pânico dos gafanhotos, ao perceberem que as formigas despertavam, que elas finalmente entendiam que era a verdadeira força produtora, é impagável.

Opressores vagabundos batem em retirada com as mãos abanando, desmascarados, desmoralizados. 

"As formigas produzem a comida, as formigas ficam com a comida..." disse a princesa Atta, na cara do Hopper, o líder vagabundo, já sem forças para tentar convencer à multidão de formigas que até então manipulou.

Olhava aquilo e me perguntava: dã! Como não percebiam o quão grande e fortes eram? Qualquer um perceberia que eram maioria e que poderiam vencer aquele inimigo rapidamente.

Mundo absurdo, amigo.

Dizem que Deus andou pela Terra. Dizia: conhecereis a Verdade, e a Verdade libertaria. Também disse que a luz viria ao mundo mas os homens escolheriam as trevas.

Estranhamente, muitos dos que escolhem as trevas não são necessariamente os que lucram com o sistema. Muito simpatizantes do sistema fazem parte dos esmagados no formigueiro.

Essas tolas não entendem que o formigueiro não tem força quando a formiga trabalha individualmente, Creem que poderão ser gafanhotos um dia, que poderão enganar um grupo de seres esforçados e tirar deles, todos os dias, o fruto de seu trabalho. Fazendo como os opressores: usando o medo, a força, uma boa história que estimule sua ganância e faça desejar o mundo dos gafanhotos, onde se imaginem usando a roupa dos que o oprimiu, bebendo e comendo coisas de gafanhoto.

Enquanto isso, a vida passa, e os gafanhotos continuam comandando o formigueiro, pegando aquilo que as formigas acreditam dever a eles, e deixando que os Fliks da vida morram esmagados.



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