O Doutorado que não conhecia sua Matéria


Zé Luís

Certo homem, letrado nas Escrituras, e com a intenção de testar um jovem que, como muitos da época, poderia ser o enviado divino que a tantos anos esperavam, lançou a pergunta básica das básicas: Como alcançar a vida eterna. Este tipo de questionário era normal; com estas perguntas, estudiosos avaliavam o grau de conhecimento dos candidatos a messias.

Por um impensável azar, por mais instruído que fosse, o sujeito não se apercebe que colocava a prova aquele que jamais imaginaria ser legítimo, o autor daquilo que ele mesmo pensava entender fazendo disso, profissão. Não era como Zacarias, que reconheceu o messias ainda no colo. O doutorado estava no embalo dos desmascaradores de charlatões, e talvez por isso, pelos critérios viciados que usava, não conseguia mais discernir o que era e o que não era.

Este, o Criador, trajando suas vestes humanas, lembra-o das escrituras que tão bem conhecia. O letrado sita o primeiro e o segundo mandamento, o que o mestre confirma ser suficiente:
"Amarás teu Deus:
com TODO SEU coração,
com TODA SUA alma,
com TODA SUA força,
com TODO SEU entendimento... e seu próximo? assim como você se ama..."

Este mandamento realmente é suficiente.
Suficiente para mostrar nossa condição humana em sermos reprovados: inconstantes, egoístas, inseguros, prematuros, parciais, infantis. E pior: nossa arrogância insiste em gritar em nossos ouvidos que podemos nos tornar este incrível ser o tempo inteiro, por anos a fio, sem tropeços, sem máculas, sem a fragilidade e debilidade que a idade nos traz.

Aquele Doutor da Lei, versado em questionar e acusar pessoas por não terem seu conhecimento parece não se dar conta disso: "....certamente Deus é um ser digno de ser amado..." - pensa, sem perceber que não tem a mínima idéia de quem ou onde estaria este Ser, quando na verdade, estava a sua frente, sendo questionado. O maior dos homens, João Batista, disse não ser digno de amarrar suas sandálias. Diga-se lá um homem que diz estudar algo que não reconhece quando o mesmo está a sua frente. Ter um belo discurso não o isenta de ter de cumprir o mandamento, diga-se lá de reconhecer seu Amor quando está diante dele.

Certamente Seu mandamento, pela Sua misericórdia, só exige o que MEU coração é capaz de oferecer, e não a capacidade de Madres Terezas, Gandhis, Marthin-Luther-Kings. Respiro aliviado quando se exige apenas o MEU entendimento, que não se compara ao discernimento de um C. S.Lewis, Luthero.

Ao mesmo tempo, este alívio não dura quando se percebe que é TUDO do meu ser. Um ser que se espalha entre os anseios da vida, da morte, como bebê que hora ou outra, vê sua atenção vaguear em banalidades que brilham no colo alheio.

O letrado mestre não se atém a isso. Ele sabe que este amor não é Eros, nem Philia. Ele pula o que não pode concordar e questiona sobre quem seria este próximo a ser tão amado, a ponto de um ilustre, como "ele mesmo" o fizesse. Mas este post já se estendeu. Voltarei ao assunto em breve.

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