Perdão: Abrindo mão de Viver Desgraçadamente

Zé Luís

Certa vez, numa destas escolinhas maternais, Pedrinho e Gabriel tiveram uma briga muito feia. Tinham quatro anos. Não se sabe o motivo: se foi o roubo de uma bala, ou outro objeto de sua lancheira. Trocaram tapas, mordidas e puxões de cabelo. Um alegava que a mamãe foi xingada, outro o chamava de “ladlão”. As professoras correram para separar os bebês, mas mesmo no colo, queriam continuar a luta.

O tempo passou, nunca mais se viram. Estudaram, cresceram, ficaram burros e casaram. Quarentões, se reencontraram em um movimentado shopping, com suas famílias, esposa, filhos, e a reação foi imediata. Estavam em uma mesa da praça de alimentação, um pegou uma cadeira, o outro se armou de uma pesada lixeira de ferro.

- Você roubou minha mochila, Pedrinho! E meu pirulito de cerejinha!

- Desgraçado! Chamou a mamãe de vaca! Quebrou a ponta do meu lápis azul de golfinho!

Com um golpe certeiro, um deles – não importa qual - matou o outro, rachando-lhe a cabeça, deixando o oponente estirado no meio da multidão, em frente aos filhos que choravam desesperadamente.

Tal história só é absurda por sabermos que crianças esquecem, perdoam. Não andam com magoas por toda a vida. Fosse o contrário, obviamente esses meninos nunca teriam crescido de forma sadia, se formado, amariam alguém, casariam e constituiriam família. Não é usual ap essoas que carregam magoa em sua existência.

Vivemos a beira do ódio, da inveja, do homicídio, do ciúme. Levamos estas coisas em nossa vida, sacos de lixo teimosamente acorrentados e empilhados onde deveria ser o trono de Deus em nossa alma. Nem por isso nos julgamos absurdos, trágicos, ilógicos quando não perdoamos.

P perdão é a única forma de arrancar as raízes putrefadas que o pior da vida semeia em nossa existência. Como dito na “A Cabana”, precisamos tirar a mão do pescoço daquele que merece ser esganado, tirar as garras de nosso próprio pescoço. E isso é muito simples de entender quando quem exige isso oferece o que for necessário para desfrutar da eternidade.

Será que daqui a trezentos anos permaneceremos chorando o abandono de alguém?
Odiaremos com a mesma intensidade aquele que nos agrediu, ou tocou naquele que amamos?
Permaneceremos ruminando a maldade alheia que nos tirou da rota que - supostamente - nos levaria
a felicidade plena?
Quando perdoaremos a nós mesmos por nossa tendência a imbecilidades(coisa que Jesus já fez)?

O Mestre diz que se não for como crianças, não chegaremos ao reino. Crianças choram, sofrem e esquecem. Até que a inocência acaba, abrimos os olhos e vemos que estamos nús... é quando começamos a morrer.

As coisas velhas passarão, e tudo se fará novo. Creia. Fique em paz.

Feliz Ano Novo.

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