Minhas Crenças Absurdas


Creio em absurdos, mesmo nestes tempos contemporâneos onde tudo é nublado, e nada parece merecer crédito.

Sou absurdo por acreditar no que a maioria - não tão facilmente manipulável – não crê?

As vozes dos povos são as vozes dos deuses? Não acredito nestes politeísmos.

Existem tantas massas de manobra, umas mais manobraveis que outras, que já nem sei como expôr a qual tipo de massa levedo - ou sou levedado.

Talvez esteja inserido no grupo absurdo, que ainda crê e se maravilha na história do Deus que andou na terra, no meio do povo que criou. Creio que Ele mamou nos peitos de sua jovem mãe, urinou e defecou, bateu com um dos dedos dos pés em alguma pedra, num tropeção involuntário. Tomou chuva, bebeu vinho, calejou os dedos nas redes de pesca.

Não creio realmente que ele tenha constituído família com Madalena ou outra mulher, mesmo porque Ele, na minha crença, não precisaria (nem se contentaria) em usufruir de sua criação desta forma.

Ainda na minha fé– que não é particular, ou de uso pessoal – adoro-o pela profundidade de seu propósito, e quanto mais contemplo Sua historia, me embasbaco com minha oportunidade de vislumbrar fragmentos de perfeição, através de meu olho imperfeito.

Imagine um dia sem nenhuma absoluta falha de caráter? E uma vida inteira, repleta de carências, sem uma única falta que fosse imputada?

Escolhi comentar este trecho(Jo 4), por acreditar que ilustra um pouco do que falei no post anterior sobre fontes e inpiração:
(a propósito: se você não sabe do que falo, é sobre Evangelho, Bíblia. Embora confuso, sou cristão...nenhum segredo até aqui)

Era um encontro, pela época e cultura, fora dos padrões.
Yeshua, judeu por nascimento, e uma mulher, moradora de Samaria, ao meio-dia da abafada e poeirenta Palestina.
Naquele momento, tinham em comum o interesse pelo produto daquele poço no qual buscavam, mas suas etnias historicamente não se davam bem, e era comum que se ignorassem.
Coisa que este judeu não fez.
A mulher buscava estar fora de horário, fora de grupo.
Era meio-dia e ela estava só.
A tarefa de buscar água era, culturalmente, da mulher, e faziam isso em grupos – talvez para inibir a ação de homens mal-intencionados. Além disso, preferiam fazer isso de manhã, ou no final da tarde, já que o sol e o calor na região, ainda hoje, é bem forte.
No decorrer daquele -aparente – dialogo confuso, Ele revela saber algo sobre sua conduta inapropriada – cinco maridos, um concubinato, não aceito nem entre os seus concidadãos– no que ela se atem ao detalhe de que, se Ele é capaz de saber algo dela, sem conhecê-la: é profeta, e se é profeta, deve ter de Deus informações sobre seu reino. Ela teve aquilo como a oportunidade de saber sobre as coisas do céu, de obter dados confiáveis de como acessar o Todo-Poderoso.
Jesus percebe esta sinceridade – pois procura nas pessoas essa necessidade - e confessa que Ele é sua própria encarnação, o messias esperado(coisa que não fez nem debaixo de tortura tempos depois).
Ela se esquece da dor da labuta, de sua exclusão social. Esquece até o cântaro. Corre para sua cidade para contar a boa novidade, trazendo as mesmas pessoas que a julgavam para que usufruam do possível Cristo.

No meio da conversa que gerou a reação da mulher, uma frase – muito usada por pregadores de caixinhas de promessa – é proferida:

A água que lhe der se fará nele fonte de águas vivas que jorre para a vida eterna”

Ou seja:

A tal água gera uma nascente na alma humana, a ponto de não mais sentirmos sede.

Daí, meu “problema”:
Já bebi destas águas, e ainda sinto sede!

Como posso estar sedento quando o próprio Deus – segundo minha fé – promete que estou sanado definitivamente?

Pensei, então, no “Felizes para Sempre” dos contos de fada.
Quanto tempo ficaremos sobre o podium, chacoalhando nossa champanhe, exibindo nosso troféu?

Lógico: o momento do aplauso e do reconhecimento é maravilhoso, mas quantos aplausos são necessários para manter nossa alegria constante e irrestrita?

Uma comida que não me faça mais sentir fome parece atraente, mas a nova falta existiria: o prazer de degustar um bom prato de feijão, arroz, ovo mexido, farinha e banana (confesso: estou com fome).

Qual a graça disso?

A Graça – aprendi a amar esta palavra – é sentir sedesem medo, pois a estratégia celeste planta uma nascente a partir da água que se bebe uma vez, e que tornam as entranhas da alma, fonte, e mesmo assim, sentir subir uma ladeira, quando a buscamos.

Não só uma fonte segura de água, mas o exercício necessário para que a vida não definhe.

Um lago com peixes, de tamanhos e sabores infinitos, onde há necessidade contínua de pesca. Detalhe: quem escolhe qual, como e quando o peixe será pescado, é o Lago.

É desta fonte, difícil de explicar, que me referi. Tem todo dia, se buscarmos o exercício todo dia.

Essa costuma ser uma fonte de inspiração segura, e de onde - creio, por mais absurdo que pareça - surgiram todas as coisas materiais e imateriais.

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