Examine o homem a si mesmo

Gorda ou Magra?
Temos realmente condições de nos auto-avaliarmos?

 por Zé Luís
Existem apenas dois cerimoniais obrigatórios no Cristianismo: O Batismo e a Ceia.
Certamente, muitos dirão que a necessidade de estarmos numa igreja, cumprindo horários, escalas, obrigações junto a líderes, grupos, e o que seja, é algo importantíssimo para a “obra”, que tem que continuar a qualquer preço. Nada disso foi imposto por Jesus. Ele disse simplesmente: “Ide”.

Tal afirmação deverá ser um alívio para aqueles que estão submersos no ativismo religioso, e sentem-se culpados quando cansaço – por muitos tratado como um pecado quase imperdoável – vem nos arrastar para cavernas isoladas, longe das vozes dos irmãos que um dia amamos tanto, mas curiosamente, passaram a nos incomodar, e em alguns casos, nos irritar profundamente.

Quantos pastores secretamente clamam por um “sabá”? Um dia inteiro de descanso, sem nenhuma obrigação de serem os profissionais da fé, obrigados a ter as respostas para todas as dores, de engolir todos os desaforos, de serem tratados como uma ferramenta ótima no momento da dor, de terem sempre uma nova Palavra.

Examine o homem a si mesmo – ordenou Paulo, antes da Ceia.

Ceia é estar juntos com os nossos numa mesa, reunidos com a mesma intenção, celebrando a mesma crença, e nesta mesa, o auto da “Crença” também deve estar. Um momento comum. Comunhão.

Quanto a me auto-examinar, como assim ordenou o apóstolo dos gentios, parece-me um voto de confiança que não mereço: sou parcial, ou me julgo indigno e porco, errado e profano, incompleto e vil, ou vou ao extremo de achar que sou digno e merecedor, que tenho méritos e capacidades, honrarias e admiradores.

Normalmente, após quase vinte anos de Caminho, se pudesse, escolheria não examinar. Descansar um pouco desta guerra sem fim. Prefiro imaginar que Ele, para minha vergonha e humilhação, sentou-se novamente a minha frente, descamisado, e pôs-se a lavar meus pés, de unhas encravadas, com toda a espécie de joanete e olho-de-peixe. Imagino o Mestre franzindo a testa por conta do odor de queijo que sobe de entre os dedos.

Estranhamente, nessa imerecida limpeza, relaxo, esqueço das minhas burradas, e vejo que Ele já as esqueceu faz tempo.

Respiro aliviado ao ver que minhas parcas obras não me fazem indignos da mesa, assim como meus piores pecados, dissolvidos nas mãos furadas que lavaram meus pés.

Meu sabá tão esperado então já está em minha alma, enquanto ainda faço uma oração agradecido, mastigando o pão, dissolvido com o suco da uva. Mas um check-point nesta caminhada.

Estranhamente, quando cria que deveria ter bagagens, vejo que Jesus as remove, e a cada segundo precioso na presença dele, o fardo fica mais leve, apesar dos amigos e irmãos que ainda não perceberam a intenção Dele: aliviar nossos fardos, manter leve nossos jugos.

Comentários

  1. Que bom, sem bagagens.

    Mesmo ensimesmados continuamos uma farsa ambulante.

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  2. Que oportuno texto !

    Vejo como o Senhor a cada dia destrói a "minha religião" para que ele seja o centro da minha vida.

    IRMÃO , Glória ao Senhor !

    Que muitos outros consigam ser libertos desse sistema ativista e fálido da religião.

    Muitos esquecemos Jesus DENTRO dos "templos" e já faz tempo viu ...

    Paz...

    Estou seguindo =D

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  3. muito bom j. fico felis em ver um pouco do meu dia a dia em poucas palavras tuas!!!!!

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  4. PoiZÉ...

    Tem certas leituras que nos tiram o fôlego e só respiramos fundo quando concluímos.

    Mas é um tirar de fôlego gostoso, leve, que dá a sensação de que estamos flutuando.

    E que no final, respiramos aliviados...

    E descansados.

    Deus te abençõe!

    R.

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  5. Já passei pela experiência de ver pessoas na liderança de ministérios que se consideravam incansáveis e achavam que o cansaço é um pecado mortal.
    Lá pelo meio do caminho eles acabaram metendo os pés pelas mãos e se afastaram de seus cargos e até mudaram de congregação.
    Alguns brigavam por questões que foram facilmente resolvidas na gestão posterior.
    Deus colocou mais pessoas com mais recursos materiais e espirituais para fazer a obra.
    Sem stress, sem fardos.
    Agora nossa única preocupação é servir a Cristo com nosso ide.

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  6. Querido amigo!

    É sempre bom ver um cristão mais preocupado com Cristo e não com a Igreja. A Igreja é do Homem, mas Cristo veio para o Homem.
    Se a Igreja não está ao serviço de quem realmente necessitam, não passamos de um clubinho de pessoas supsotamente salvas e egoístas. Mutio mais preocupada com a própria alegria, do que com a lágrima e a necessidade alheia.

    Não sou contra comunhão, mas só vejo sentido nela quando é fruto do trabalho, o alimento físico e espíritual que trás renovo ao cansado. Mas como cansaço só vem depois de trabalhar. Se estiver sentido cansaço sem trabalho diria que o termo correto seria enfado.

    Que Deus o abençoe e continue a nos trazer bons artigos para pensarmos e refletirmos. E algumas charges do "zoinho" também, senão a vida fica muito sisuda!

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