O rei e os vasos

por Zé Luís

Contam que o jovem rei chamou as mais belas do seu reinos e dos reinos vizinhos, anunciando que procurava uma rainha para estar com ele, mas esperava nelas algo especial. Reunindo-as no salão real, deu às beldades uma simples tarefa: um vaso de barro e algumas sementes de flores diversas.

-Todas vocês terão seis meses para me devolver um arranjo com as flores das sementes que estão dentro do vaso que dou a cada uma de vocês. A dona do vaso que eu escolher, será minha rainha.

As lindas moças se foram, cada um para seus grandes lares, já que a maioria descendia da nobreza, come exceção de uma, menina de família pobre, qual a vida parecia sempre ter lhe negado oportunidades e sucessos, apesar da rara beleza e um bom ânimo inexplicável.

Infelizmente, a pobre mulher nem dessa vez teve êxito: o tempo passou e as flores não vingaram, ela fez tudo que sabia para que as sementes brotassem, mas nada aconteceu: era mais um pouco da sua vida árida se fazendo valer.

O dia de apresentar os vasos chegou, e a moça decidiu que devolveria o artefato, mesmo sem ter conseguido fazer nada, pois se comprometera diante do rei a fazer isso, independente de seu êxito ou fracasso, e assim foi, ajuntar-se com as outras lindas candidatas.

O salão estava cheio de belos e ornamentados vasos, alguns com detalhes em ouro, outros enxertados com pedras preciosas entre as lindas e viçosas flores que inundavam o ar do salão com seu agradável perfume.

O rei logo surgiu e passou em vistoria diante dos vasos ornamentados que, postos em fila eram observados. O homem observava com um estranho semblante, esboçando irritação, até que chegou diante da envergonhada moça que tentava esconder dos olhos seu fracasso:
-Meu senhor, perdoa-me, as sementes não vingaram em minhas mãos, e nenhuma flor nasceu.

O rei sorriu e levantando o vaso crú e sem graça, elevou-o diante de todos:
-Eis o meu escolhido! Eis vossa rainha! - bradou diante da multidão de súditos e a fileira de belas mulheres que se indignavam diante de escolha tão sem sentido: o que fez daquele simples e ordinário vaso, cujo adorno não havia, ser o escolhido entre os mais belos?

-As sementes – disse o rei – estavam secas, jamais brotariam. Os belos vasos aqui ofertados não passam de fruto de trapaça, mentira. Será que buscaria para minha cama alguém que seja capaz de tudo para conseguir seus objetivos, inclusive faltar com a verdade para comigo?*

O vaso é o propósito de Deus quando nos pede ofertas que somos incapazes de oferecer:

Se não vos converterdes e tornardes como crianças, não entrareis no reino dos céus. Mt 18:3

O Mestre jamais nos chamaria à infantilidade, ainda mais quando numa sociedade como àquela que estava inserido não valorizava as crianças como na nossa (crianças eram tidas como peso excedente, não podiam ser contadas como mão de obra pela família).

O rei pedia apenas a sinceridade no reconhecimento de nossas limitações diante Dele e seu Reino, nenhum “fantasiar”, nenhuma mentira que nos faça “crer” que somos capazes do que não somos.

Ele é quem nos conduz, nos salva, nos cura, nos mata, fez a ferida e curará. Nele tudo está, apesar dessa tentação – própria da queda – de querermos mostrar nossos dons e habilidades, mascarando inultilmente nossos “aparentes” fracassos (pois Ele sabe exatamente que isso acontecerá, as vezes Ele mesmo nos dá sementes secas e inférteis).

Isso, por mais que te incomode, é a Graça, e não vem de ti, para que não se exalte.

*O conto acima me foi contado por alguém que ouviu de uma amiga de serviço. Esta ouviu o mesmo no rádio. Não sei o autor, se alguém souber...

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