A casa do oleiro: a dificil tarefa de confiar no talento do artesão


vaso especial
Enquanto lê, deixa o som do vídeo rolar! 

"Todo mundo que ir para o céu, mas ninguém quer morrer" já cantava a banda Blitz nos idos anos 80.

Todos querem ser melhores (na verdade, todos se acham realmente bons: só querem a superioridade sobre o semelhante), mas o desconforto da proposta de recomeçar, de correr o risco de abandonar sua personalidade - que acredita ser tão boa  -  e abraçar a proposta de ser algo ainda não concebido nunca nos parecerá algo atraente.Gostamos da segurança de sabermos o que somos, mesmo que isso nos mantenha como escravos no Egito, felizes em comer restos e levando nossa porção diária de humilhação.

Ainda mais quando o convite vem nos termos de aceitar que somos apenas matéria inanimada. Admitir que apesar de tantas experiencias e conquistas, alegrias e trsitezas, somos no fundo apenas barro, massa de modelar. Uma mistura de minerais em um corpo formado com água. Uma medida de 1/4 para 3/4.

Não: você não quer estar nas mãos do oleiro!



Havia um cântico na igreja que afirmava "eu quero ser, Senhor amado, como um vaso nas mãos do oleiro*...", e um pastor, que já tinha passado pela experiência, sempre se recusava a cantar isso.

Ele, que aos 21 já era pai e viúvo, conhecia bem o que ver sua existência ficar disforme como o barro que apanha no trabalho do oleiro. Lentamente sentir seu trabalho, quando a vida toma rumos que ninguém sabe onde vai dar, sem sua jovem esposa, e uma filha de colo para cuidar. Apenas o oleiro sabe os planos que tem para o tipo de vaso que vai fazer, qual sua função e quão belo e adornado o vaso será, se capaz de aguentar todos os processos de sua construção.

Algumas peças - como as vistas no vídeo - requerem mais trabalho, o barro é mais trabalhado,  marcado, é necessário o ponto certo para que se possa trabalhar sobre sua superfície. 

Muitos processos são necessários, não pela maldade do que trabalha na massa, mas pelo resultado grandioso que isso trará, pela arte das mãos daquele que sabe transformar algo ordinário em peça de exposição valiosa.

Reclamamos das dores que o processo traz, das perdas, das lágrimas, por deixarmos de ser o barro que sempre fomos, suficiente e satisfatório ao nosso entendimento.

É necessário que se entenda que o carisma se conquista não vem pelo tipo de barro que se é, mas pela capacidade de suportar o trabalho do oleiro.

Certamente alguém se empolgará a cantar: faz de mim então, grande Artesão, algo grandioso! Mas será que não diz isso para ser apenas vaso mais valioso que o outro? Esquece que o Artista tem propósito prático nas peças que molda e é segundo os critérios Dele que dá as formas planeja onde as porá..

Se um vaso não se interessa em servir e m,atar a sede alheia, não poderá ser jarro. Não quer alimentar, não poderá ser travessa. Não tem interesse em multiplicar o azeite de viúvas e órfãos: para que anseia em ser botija?

Se tem aversão a sujar-se com terra e adubo, não servirá para os planos celestes que procura fazer peças que permitam crescer árvores frutíferas ou lindas e cheirosas flores.

O problema as vezes está no desejo no vaso que deseja apenas ser, mas sem cumprir seu propósito.

Caso esteja no processo, parabéns e força: Ele te escolheu.

Por Zé Luís Jr.



* Baseado em Jeremias 18, 1-4

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