por Zé Luís Mais um aniversário, mais um ano de paz e sossego: setenta e nove anos vividos em segurança, uma bela família. Zípora dera-lhe dois filhos, Jetro, seu sogro, homem religioso e dono de rebanhos, deu-lhe asilo e um emprego, quando, há trinta e nove anos atrás, chegou fugido do Egito. O tempo fora generoso àquele homem, conservando-lhe impressionantemente o mesmo vigor no qual chegará, mas dentro daquela alma, o ímpeto dos anos de sua juventude havia passado. Suas convicções íntimas, de que era um destinado, alguém no qual fora marcado por Deus para um propósito maior, fora abafado pela lenta e continua aridez dos desertos no qual pastoreava as ovelhas do sogro, do qual era funcionário e a tudo pedia permissão. Um dia havia sonhado, quando homem jovem e forte, formado nas melhores faculdades do Egito, que libertaria sua descendência escravizada, mas sua tentativa de iniciar uma revolução remeteu-o a quase quarenta anos de exílio, vivendo exatamente como pastor de