Prejuízos

por Zé Luís Junto a mais pura das águas, colocou-se pitadas de amargura. Acharam por bem deixar as águas puras e claras, gratuitas e vitais, não tão saborosas e desejáveis. E nós, aos poucos, fomos aceitando cada imbecilidade discretamente infiltrada como isso pudesse ser bom de alguma forma. Alguém concluiu que a imensa felicidade, aquela paz toda que está acima de qualquer compreensão, precisava ser adaptada a amargura na qual vive-se a vida inteira, e nunca conseguiu se libertar. Imposições do que imagina-se ser respeitável (cabelos, roupas, trejeitos). Outros, vendo que isso era um procedimento padrão, achou por bem readaptar mais um pouco, incluindo compreensões particulares - ou de grupos - consagradamente reconhecidos. Fizeram disso sua forma engessada de enxergar o que era simples. A todos, a pequena pitada de fermento, aparentemente inofensiva e usual, era aceita por muitos. Nem notaram que toda a miséria humana estava inserida neles de forma discreta, aceitável, com seu