Calafrios me invadiram quando Lilian, que não via a muito tempo, contou-me sobre seu irmão, o cabeludo Marcelo. Conheci-os a anos, quando trabalhávamos na mesma empresa, e Marcelo, já conhecido pelas longas madeixas loiras, começava como office-boy, indicado pela irmã que trabalhava em outro departamento. Diz que o tranqüilo rapaz, já com seus vinte e três anos, se preparava para voltar para casa, descansar para um novo dia de trabalho. Se despedia da namorada sentada a seu lado no sofá, quando , no meio de um assunto banal, pende com sua cabeça para trás, com seus olhos fechados, para nunca mais abri-los. Um inesperado AVC totalmente insuspeito finalizou precocemente e de forma instantânea a existência do rapaz. Não houve tempo para considerações finais ou acertos de contas, ficando a sensação inaceitável de um precioso provérbio escrito pela metade, mas com um ponto final imperativo, inegociável, que não respeita as perguntas e necessidades daqueles que ainda ficam. Uma velh