Papo de crente: bode expiatório, dia do Perdão e outras coisas

por Zé Luís

“Fizeram-no de bode expiatório naquela situação...”

Você certamente já ouviu a expressão, ou mesmo já deve tê-la usado em alguma frase, mas você sabia que a referência está ligada a uma passagem bíblica, extraída especificamente do Pentateuco (Gênesis – Êxodo – Levítico – Números - Deuteronômio), no chamado Velho Testamento?

No capítulo 16, de Levítico, após o falecimento de dois dos filhos de Aarão (eles tentaram apresentar uma versão “pirata” do que Deus estava produzindo, o que acabou causando suas mortes), Deus apresenta uma solução para limpeza espiritual de seu povo.

Dois bodes eram apresentados por um sacerdote de descendência levítica (esse tinha também que apresentar um pequeno novilho sacrificado: ele só poderia entrar no lugar “santíssimo” com as marcas do sangue daquele sacrifício, o que simbolizava marca de purificação) e escolher entre um desses. Um desses seria designado como bode emissário, e seria enviado ao deserto, simbolizando a retirada dos males e imundícias sobre o pequeno e inocente animal.

Ao que fosse o bode expiatório, estava reservada a morte em nome das maldades humanas daquele lugar, e com o sangue lançado sobre o altar, eram purificados de suas transgressões. O animal morria no lugar daqueles que deveriam realmente ser assassinados.

Esse dia, designado pelo livro de Levítico como Lei e Estatuto perpétuo, deve ser feito em um dia sagrado, um sábado judeu, o dia do Senhor, uma vez por ano.

Essa data, O Yom Kipur (ou Kipur), o dia do Perdão, é considerado pelo judaísmo sua data mais importante, já que é nesse dia em que o homem e D'us (no judaísmo, nem o nome Dele é escrito em vão) ficam em paz, através do sacrifício de um inocente.

Os cristãos veem na figura de Jesus o tal cordeiro morto, o inocente bode expiatório, sacrificado injustamente no lugar de uma multidão cruel, para que com seu sangue os purificasse, e Deus os perdoasse.

Os judeus, pelos séculos dos séculos, traziam seus sacrifícios anualmente, e não tardou para aquela sociedade pecuarista começar a enviar aqueles animais imperfeitos, que seriam sacrificados de qualquer forma, já que eram tão tortos quanto àqueles que os traziam.

Assim como Deus não precisava ser batizado, como João Batista assim o disse, Deus não precisava apresentar sacrifícios em prol do próprio pecado, a não ser que fosse Ele o sumo sacerdote, ou quem sabe, o próprio Deus ofendido e ofensor.

Fosse assim, seria Deus apresentando seus sacrifícios, seu bode expiatório em qual a sorte caiu, seu inocente cordeiro que purifica os pecados de onde seu sangue alcança, seu bode emissário levando para longe, no deserto, em definitivo os pecados do povo que o escolhe como Senhor.

Sacrificar o inocente perfeito, consciente de que vive fora da esfera temporal, e torna o acontecimento de 10.000 anos a frente ou atrás em um evento eternamente presente.

Um estatuto perpétuo, agindo além dos tempos e templos, além da escassez de animais e possibilidades de sacrifícios. Um símbolo foi dado em temos imemoriais, através de um povo que não sucumbe, apesar das atrocidades e perseguições cometidas contra ele. Na Lei, sua principal herança, esse povo tem a resposta de Deus para a reconciliação com Ele mesmo, e como o dia do perdão se tornará perpétuo.

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